Ruínas com arquitetura missioneira são confirmadas por pesquisadores em Alegrete e podem reescrever parte da história do RS
Pesquisadores e historiadores que atuam em uma área rural de Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, confirmaram nesta quinta-feira (10) que as ruínas encontradas em uma antiga estância possuem características autênticas de arquitetura missioneira. A descoberta aprofunda a investigação iniciada esta semana e reforça a hipótese de que o local tenha abrigado uma estrutura ligada às reduções jesuítico-guaranis entre os séculos XVII e XVIII.
As análises preliminares identificaram paredes de pedra erguidas com técnicas semelhantes às observadas em antigas missões como São Miguel, São Lourenço e São João Batista. A disposição dos blocos, o traçado reto das fundações e a organização dos compartimentos internos indicam um planejamento construtivo típico missioneiro, distante do padrão comum das antigas estâncias rurais gaúchas. Os estudiosos também apontaram a presença de espaços alinhados que lembram capelas, casas comunitárias ou setores administrativos usados pelos padres jesuítas.
Outro dado que reforça a autenticidade das ruínas é a sua localização estratégica: erguidas próximas a cursos d’água e em terreno alto, como era tradição nas reduções missioneiras para facilitar vigilância, abastecimento e proteção.
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As equipes de pesquisa trabalham agora com a possibilidade de confirmação histórica por meio de métodos científicos como datação de sedimentos e análise comparativa de fragmentos de cerâmica encontrados no local. O grupo também iniciará buscas documentais em arquivos jesuítas no Brasil, Argentina e Espanha para rastrear possíveis registros de postos avançados missioneiros na região que hoje pertence a Alegrete — território que integrava a antiga Província Jesuítica do Paraguai.
Especialistas confirmaram ainda que o local apresenta grande potencial arqueológico. Estruturas soterradas, muros circulares e antigas mangueiras de pedra podem revelar uma ocupação complexa que mistura elementos europeus e indígenas. O município, conhecido pelo tradicionalismo gaúcho, pode agora ser inserido de forma definitiva no mapa missioneiro do continente, ampliando sua relevância histórica e cultural.
Além da importância científica, a descoberta já desperta interesse turístico e cultural. Lideranças locais defendem que o sítio arqueológico seja preservado e futuramente transformado em rota histórica de visitação, com museu interpretativo, trilhas guiadas e ações educativas voltadas a escolas e universidades.
Um dossiê oficial com os primeiros resultados será encaminhado nos próximos dias ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e à Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul, com pedido de proteção imediata da área para evitar danos ou exploração indevida.
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